quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Comentário sobre o livro Elogio da Loucura de Erasmo de Rotterdam - Adriana Oliveira





   O livro traz a loucura não como uma patologia, mas como uma loucura sã, e tem a mesma como narrador, trazendo diversas críticas à sociedade e atitudes presentes nela. É uma leitura que nos faz ver as coisas por um outro ponto de vista, uma outra forma, e pensar mais sobre "o que é ser louco?".
 A protagonista tece diversos elogios a si mesma, e considera-se a razão de tudo de bom que há na vida do ser humano, afirmando ser a alegria dos homens e dos deuses, pois afasta do ânimo qualquer preocupação incômoda, proporcionando-lhes maiores deleites.
"Sou filha do prazer e o amor livre presidiu ao meu nascimento."
   Ela critica ainda aqueles que envergonham-se de usar seu nome:
"Para dizer a verdade, não estou nada satisfeita com essa gente ingrata, com esses perversos velhacos; porque embora pertençam mais do que os outros ao nosso império, não só publicamente se envergonham de usar o meu nome, como muitas vezes chegam a aplicá-los a outros como título oprobrioso."
Para ela, os tolos são mais felizes que os sábios, pois estes se satisfazem como podem, com aquilo que possuem, enquanto que os sábios buscam demasiadas explicações para aquilo que sem perceber, deixam de viver.
   Ela afirma que os sábios são seres melancólicos e, ou não conquistam nenhuma amizade, ou tornam a sua uma ligação desagradável, pois tendem sempre divinizar-se com sua filosofia. O homem é movido por suas paixões, e é unicamente a loucura que permite-os  manter uma amizade, pois estes apreciam seus defeitos e vícios como se fossem virtudes.
"Antes de mais nada, sustento que, em geral, as paixões são reguladas pela loucura. Com efeito, que é que distingue o sábio do louco? Não será, talvez, o fato de o louco se guiar em tudo pelas paixões, e o sábio pelo raciocínio?"
Os loucos se satisfazem com aquilo que possuem e podem viver, relacionando tal prazer com O Mito da Caverna, de Platão, afirmando que cada um é feliz a seu modo, em sua realidade, porém invertendo o sentido do mito.
"Merecem ser incluídos nessa categoria, os habitantes da caverna de Platão.  Ao verem, os tolos, as sombras e as aparências de diversas coisas, admiram-na e nada mais procuram, dando-se por satisfeitos. Já os filósofos, por estarem fora da caverna, não só observam os mesmos objetos como lhe investigam os mistérios. Não terão uns e outros o mesmo prazer?"
A protagonista faz também uma relação entre a infância e a velhice, afirmando que a loucura está presente em ambas, pois tanto na velhice quanto na infância, não há preocupações, e não há vontade de viver e nem o medo da morte, apenas a simples felicidade.

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